Por quase cinco anos, tenho encorajado aos profissionais que “auditem na velocidade do risco”. Eu usei essa frase pela primeira vez em um artigo, postado no blog em julho de 2014, o qual abordava a crescente volatilidade dos riscos e como manter um plano de auditoria anual e tradicional, poderia aumentar os riscos dos departamentos de auditoria em apenas tratar os problemas do passado.

Nós progredimos desde então, mas ainda há um longo caminho a percorrer.

O papel da auditoria interna em prestar uma avaliação tempestiva sobre a eficácia do gerenciamento de riscos é mais importante do que nunca, já que os riscos até então desconhecidos surgem e crescem rapidamente e, por outro lado, os riscos já conhecidos persistem em atrapalhar o dia a dia. É por isso que é essencial que a auditoria interna esteja alinhada com as visões da gestão e do conselho sobre os riscos.

O relatório da pesquisa de 2019 do IIA, Pulse of Internal Audit, será divulgada na semana que vem na conferência de General Audit Management do IIA de Dallas, e levanta questões importantes sobre como o universo dinâmico de riscos de hoje está alterando a forma pela qual a auditoria interna se alinha com o conselho. O relatório a ser publicado, Defining Alignment in a Dynamic Risk Landscape, foca em quatro principais riscos e verifica se a auditoria interna está realmente alinhada nessas áreas.

A notícia preocupante é que o relatório reporta um possível desalinhamento e falta de cobertura nesses quatro riscos, sendo esses: Cyber e Data Analytics, relacionamentos com terceiros, tratamento de riscos emergentes e atípicos, e nas atividades da gestão e conselho. Além disso, levanta dúvidas preocupantes se efetivamente as percepções e recomendações da auditoria interna estão chegando aos conselhos.

Por exemplo, apesar de diversas pesquisas com os conselhos identificarem claramente que os tópicos de Cyber e TI como prioridades de alto risco, os planos de auditoria interna continuam a alocar mais recursos para áreas tradicionais e de menor risco, tais como: operacional, compliance/regulatória e reporte financeiro.

Outro tópico importante destacado no relatório envolve a qualidade da informação que vai para o conselho. Uma pesquisa recente com membros de conselhos, conduzida pela National Association of Corporate Directors identificou que 53% dos entrevistados disseram que a qualidade do reporte à administração precisa melhorar. No entanto, de acordo com os entrevistados pela Pulse, a auditoria interna raramente revisa as informações fornecidas ao conselho, sendo que 6 de 10 chief audit executives (CAEs) relataram que realizam essa avaliação somente quando solicitados ou nunca.

O relatório Pulse oferece uma observação interessante sobre como a dinâmica dos riscos atuais está redefinindo o papel de alinhamento entre auditores e conselho. Como exemplo, podemos citar o caso dos profissionais talentosos que atuam em nossos conselhos e que enfrentam inúmeros fatores que ameaçam atrapalhar os esforços para atingir as metas organizacionais. À medida que os conselhos enfrentam uma pressão crescente dos acionistas e dos reguladores para desempenhar suas funções de supervisão, eles buscam desesperadamente o máximo possível de informações confiáveis para tomar decisões estratégicas relacionadas aos riscos. Essa é exatamente a oportunidade que os profissionais de auditoria possuem.

Segundo o relatório da Pulse:

“No ambiente dinâmico de riscos de hoje, os CAEs devem fazer mais do que simplesmente entender e seguir a visão do conselho sobre os riscos. A nova perspectiva deve se concentrar em garantir que o conselho tenha uma compreensão abrangente, livre do universo de riscos da organização. Essa mudança de perspectiva, embora sutil, tem grande importância para a capacidade da auditoria interna de prestar uma avaliação independente, de agregar valor à organização e de elevar sua posição ao nível de um consultor de confiança do conselho.”

Não quero deixar a impressão que os pontos do relatório Pulse refletem que a auditoria interna está fora de sintonia com os conselhos. Na realidade, o relatório reforça o profundo conhecimento dos CAEs e sua preocupação em melhorar o alinhamento nas quatro áreas de foco abordadas.

Apenas para ressaltar, o Pulse tem um longo histórico em identificar áreas em que a auditoria interna possa melhorar, bem como descobrir novas áreas que os profissionais possam agregar valor às suas organizações. O Pulse de 2019 continua essa tradição, oferecendo uma lista de planos de ação, recursos e lições a serem aprendidas.

Um tema frequente em meu blog é encorajar os profissionais a buscar, continuamente, formas de melhorar suas habilidades e o valor que a auditoria interna oferece às nossas organizações. Todos os anos, desde 2011, o Pulse serviu de importante marco para que os profissionais façam justamente isso.

Fique de olho no lançamento do relatório Pulse deste ano. Ele vem com informações e que servirão de base para muitos outros conteúdos meus nas próximas semanas.

Como sempre, aguardo seus comentários.

Divulgação:

Richard F. Chambers, presidente e CEO do Global Institute of Internal Auditors, escreve artigos semanais para a InternalAuditor.org sobre assuntos e tendências relevantes para a profissão de auditoria interna.

Fonte: (https://global.theiia.org/Pages/globaliiaHome.aspx)

Tradução: IIA Brasil
Revisão Técnica da Tradução: Jose Antonio Tiro Rodriguez, CIA.